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Ruy Barbosa

" De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto"

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Teoria do Medalhão é um Conto de Machado de Assis

"Teoria do Medalhão é um delicioso libelo contra a mediocridade intelectual e social". É desta forma que a professora VERA CEZAR, formada em Letras pela Universidade de Pernambuco(UPE) e com especialização no Ensino de Língua Portuguesa, define o conto Teoria do Medalhão, do escritor Machado de Assis.
Professora há 18 anos no colégio Dom Bosco, em Petrolina e no Curso Preparatório para Concursos e Vestibulares Top de Linha, de Petrolina e Juazeiro, Vera considera o ensino da literatura como uma arte. "Apesar de algumas pedras no meio do caminho", é muito gratificante essa profissão, pois escolhi por amor a literatura. Penso que sonho e arte são tão essenciais quanto o pão, por isso acredito na literatura" - declara a professora.
Para ela, a literatura é de todos os tempos, é a experimentação de novas formas de expressão, a denúncia dos horrores que acontecem na sociedade. "É o doce leite do entretenimento", afirma ela. Além de ser uma leitora, Vera é também uma escritora que produz poemas como reflexo do que leu/lê e do que viveu e vive. Como retrata um trecho de seu poema "Somente Poesia":(...) A felicidade/É sentido, é preciso, é rumo/Ou é somente poesia?.
Em entrevista, a Agência Multi-ciência, ela relata sobre as características importantes da obra "Teoria do Medalhão" de Machado de Assis, indicada para o vestibular 2011 da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). O conto Teoria do Medalhão foi publicado no livro Papéis Avulsos, em 1882, e apresenta as características da fase realista.
O conto não tem narrador. Os personagens não possuem nomes e são caracterizados somente pela hierarquia familiar. De um lado, um pai que quer projetar seus ideais frustrados de sucesso, no jovem filho; do outro, o filho que se sujeita a aceitar passivamente as determinações do pai, anulando-se.
O ENREDO - inicia com um diálogo familiar que acontece numa noite, após um jantar comemorativo dos 21 anos. O pai aconselha o filho a se tornar um "Medalhão", ou seja, um homem que ao chegar à velhice, tenha adquirido respeito e fama na sociedade do Rio de Janeiro do século XIX. Para tanto, será necessário que ele mude seus hábitos e costumes e passe a viver sob uma máscara, anulando os seus gostos pessoais e suas atitudes.
E nisso, o pai disserta sobre a necessidade do filho de sempre manter-se neutro, usar e abusar das palavras sem sentido, conhecer pouco, ter vocabulário limitado, etc... "É uma suntuosa ironia machadiana sobre como se encontram os valores da sociedade de sua época.
Portanto, o "ofício de Medalhão é apresentar ser o que não é" -  diz Vera.
Característica dos medalhões que possuem uma face oculta e sem atrativos, e outra virada para o exterior, para ser vista, admirada e respeitada.
Para a professora, há uma atualidade extraordinária neste conto, que Machado de Assis, de maneira irônica atribui ao "Medalhão" duas acepções: homem importante, grande figura, e pejorativamente ele indica indivíduo posto em posição de destaque, mas sem mérito para tal. "A partir desse segundo significado, vemos alguns valores de nossa sociedade, como a necessidade de vencer na vida a qualquer preço, a legitimação de meios ilícitos para obter sucesso, subversão dos valores morais, como dignidade, honestidade, honra, domínio das aparências sobre a essência, entre outros".
VERA CEZAR declara que recomenda a leitura da obra não somente para os vestibulandos, mas, para todos que gostam de boa literatura.